Entenda o caso da advogada presa durante audiência no interior do Rio de Janeiro

Três vídeos que circularam pelas redes sociais fizeram o caso de Valéria Lúcia dos Santos se tornar conhecido em todo o país. No primeiro deles, a advogada está sentada na sala de audiência ao lado de sua cliente e diz à juíza leiga Ethel de Vasconcelos que só vai se retirar quando chegar o representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no 3º Juizado Especial Cível, em Duque de Caxias, onde ocorria a audiência.

Neste mesmo vídeo, a juíza rebate que a audiência já havia terminado e que ela deveria esperar do lado de fora. Valéria mantém sua posição e a juíza afirma que vai chamar a polícia.

Em outro vídeo, Valéria está de pé e questiona a decisão de expulsá-la da sala. Ela reivindica que tem o direito a “ler a contestação e impugnar os pontos da contestação do réu”. “Isso está na lei. Não estou falando nada absurdo”, fundamenta ela.

Nesse vídeo, já aparece o primeiro policial militar, que afirma que “se ela tiver que sair, ela vai sair”. Valéria questiona que a juíza está atropelando a lei e rebate reclamações de colegas que aguardam suas audiências.

“Depois vocês querem reclamar de político que rouba, que faz tudo errado. Se vocês, que são advogados, não estão respeitando a lei”.

Em um terceiro vídeo, Valéria está sentada no chão, algemada por policiais militares. A advogada repete que está trabalhando e que tem direito a isso, como mulher e negra. “Eu quero exercer meu direito de trabalho. É o meu direito”.

As imagens causaram indignação entre advogados e levaram a seccional fluminense da OAB a pedir punição máxima para os policiais e a juíza leiga. Também a pedido da OAB, a audiência foi tornada sem efeito, e será realizada novamente amanhã (18), dessa vez sob a condução do juiz titular Luiz Alfredo Carvalho Júnior.

Relato do incidente

Valéria explicou porque questionou a decisão da juíza leiga. “Era um dia normal de audiência, a causa era sobre uma cobrança indevida. Como não houve acordo, eu teria que ver a contestação da ré, algo simples. A juíza negou esse pedido, então saí em busca de um delegado de prerrogativas da OAB”, conta ela.

No retorno, Valéria disse que se deparou com a audiência encerrada. “Por isso, minha resistência para não sair da sala, para que o delegado visse as violações que estavam ocorrendo. É meu direito como advogada impugnar documentos. A juíza chamou a força policial, e me mantive na resistência, nas prerrogativas profissionais”.

 



Seis meses após assassinatos, caso Marielle aguarda solução

O assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), 38 anos, e do motorista Anderson Pedro Gomes, 39 anos, completa hoje (14) seis meses. O crime ainda aguarda solução. As autoridades federais afirmam que até o fim deste ano as respostas virão.

Para a viúva de Marielle, Mônica Benício, parentes, amigos e ativistas, a vereadora e o motorista foram executados. Independentemente das investigações, eles preservam as bandeiras de Marielle e suas propostas em defesa de ações para a inclusão das mulheres, negros e do público LGBT.

Nos últimos meses, a Câmara Municipal do Rio aprovou vários projetos de autoria da vereadora, conhecida pela militância em defesa das minorias e direitos humanos. Em agosto, Marinete Alves, mãe de Marielle, esteve com o papa Francisco. Ela disse ter falado sobre a filha para o papa que afirmou que gostaria de tê-la conhecido.

Campanha

Após seis meses da morte da vereadora e do motorista, a Anistia Internacional lança hoje a campanha na internet Quem Matou Marielle Franco?. Uma tela de LED 360º de 5 metros, instalada em um caminhão, passará mensagens em frente a instituições públicas e da Justiça criminal no Rio.

O caminhão percorrerá o Parque do Flamengo, que costuma ter movimento intenso. Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, e parentes  de Marielle Franco, são aguardados ao longo do dia hoje no local.

No site, a Anistia Internacional pede que as pessoas apoiem uma petição de urgência das investigações do assassinato, a responsabilização dos envolvidos, proteção das testemunhas e garantias de que haverá o julgamento do caso.

O documento é destinado ao ministro da Justiça, Torquato Jardim, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, general Richard Fernandez Nunes, o chefe da da Polícia Civil do estado, Rivaldo Barbosa, o procurador-geral do Ministério Público (do Rio), Eduardo Gussem, à procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Macedo Duprat, e ao general Walter Souza Braga Netto, responsável pela intervenção federal na segurança no Rio.  

Caso

Marielle Franco foi assassinada com quatro tiros na cabeça e seu motorista Anderson Gomes, atingido por três balas. Eles estavam saindo de um evento político-cultural, no bairro de Estácio, no centro do Rio de Janeiro, quando foram mortos, em 14 de março deste ano.

Câmeras de segurança flagraram os carros e os suspeitos. Porém, as investigações ainda não foram concluídas. Em agosto, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, reconheceu que “agentes do Estado” e “políticos” estão envolvidos no crime. Também admitiu dificuldades nas apurações.

Em julho, a Delegacia de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro chegou a prender dois suspeitos. Segundo a polícia, os dois integravam o bando de Orlando Oliveira Araújo, conhecido como Orlando de Curicica, miliciano que está preso na penitenciária federal de Mossoró.



Empresa Júnior: uma oportunidade de empreender ainda na universidade

KATARINA MORAES Conectados, empreendedores, criativos e inquietos. Esse é o perfil dos 20 mil jovens que integram, atualmente, as mais de 600 empresas juniores (EJs) em todo o país. Criada inicialmente na França, a associação civil sem fins lucrativos e com intuito educacional surgiu no Brasil em 1988 com as pioneiras EJFGV, Poli Júnior e UFBA Jr.


O Movimento Empresa Júnior (MEJ) tem três pilares como objetivo: o desenvolvimento da rede, a formação empreendedora e o impacto no ecossistema. Além da emancipação de novos profissionais, as EJs oferecem preços abaixo da média para os contratantes.


Em Pernambuco, o sucesso do projeto não é diferente. As 14 empresas juniores que integram a Federação das Empresas Juniores do Estado de Pernambuco (FEJEPE) movimentam o mercado e formam profissionais promissores com o objetivo de transformar o Brasil.


As empresas são organizadas integralmente por estudantes, que ocupam, inclusive, cargos importantes como o de presidente e diretores, restando para as universidades o papel de auxiliadora. As organizações são divididas em diferentes áreas,  como projetos, gestão de pessoas, financeira e gestão de marketing, expandindo as capacidades individuais de cada aluno.


“A experiência é muito rica, porque consigo aplicar no dia a dia o que aprendo na sala de aula.". O relato da estudante de administração Tamyres Alexandre, de 20 anos, revela a elevação da capacidade de aprendizagem quando o universitário torna-se um voluntário de uma EJ e a responsabilidade que se ganha ao lidar diretamente com empresas, vendas, execução de projetos na área de gestão empresarial, gestão de pessoas, marketing financeiro entre outros.


Equipe da Projetos Jr. Consultoria em evento que reuniu as EJs de Pernambuco


A acadêmica está há um ano e dois meses na Projetos Jr. Consultoria, empresa júnior da FAFIRE fundada há 19 anos que desenvolve projetos com preço 50% abaixo do mercado e é formada por alunos dos cursos de administração, contabilidade e psicologia. Nela, Tamyres passou pelos cargos de analista de gestão de pessoas, diretora de gestão de pessoas e agora é a atual presidente executiva da empresa. Conta, ainda, que “além do lado técnico, você desenvolve o lado interpessoal, desenvolvendo a comunicação, liderança, organização pessoal e o trabalho em equipe. Foi um crescimento absurdo que sem dúvidas vai contar muito pra minha carreira profissional, minha passagem foi muito necessária e se encerra agora em dezembro”.


A instituição não possui fins lucrativos, sendo todo o faturamento destinado à manutenção da estrutura da empresa e capacitação de seus membros. Além de viagens, congressos e compras de equipamentos. As empresas abrem processos seletivos todos os anos, renovando os cargos através de eleições e dando novas oportunidades.


Luiz Felipe, CEO da Datacert, dando depoimento sobre serviço prestado pela Projetos Jr.
DESCANSO: Agora, entro de férias e volto daqui a três semanas. Deixo todos na companhia dos demais colegas que irão cuidar bem da página de Cotidiano, pois confio no bom trabalho deles. Um bom período a todos e até breve. Abraços fraternos.



Governo elabora primeiro protocolo para tratamento de obesidade

O Ministério da Saúde abriu uma enquete pública para elaborar o primeiro Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para tratamento de casos de obesidade e sobrepeso. O documento poderá receber contribuições de representantes da sociedade civil e profissionais de saúde até o próximo dia 11 de setembro.

Segundo o Ministério, o objetivo é aprimorar e qualificar o atendimento e a conduta terapêutica de pacientes na atenção básica e especializada no Sistema Único de Saúde (SUS). A pasta alerta que a adoção do protocolo pode contribuir para prevenir e controlar a obesidade e o sobrepeso no país, além de garantir mais segurança e efetividade clínica e científica aos profissionais de saúde.

A obesidade é uma das doenças que mais tem crescido nos últimos anos em nível global. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que os índices de obesidade e sobrepeso quase triplicaram desde 1975. Em todo o mundo, existem pelo menos 650 milhões de obesos. No Brasil, um em cada cinco pessoas estão obesas e mais da metade da população das capitais estão com excesso de peso, segundo a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).

O impacto sobre o Sus também tem crescido. Em 2012, a rede pública realizou pouco mais de mil cirurgias bariátricas e reparadoras de pacientes obesos. O número de intervenções subiu para 8,1 mil, em 2016, segundo o Ministério da Saúde.

Participação

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia convocou a participação de endocrinologistas na elaboração do protocolo. A Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) também se manifestou favorável à contribuição dos nutrólogos para elaborar o protocolo, devido à preocupação com a gravidade e o aumento da doença na população.

“A obesidade é uma doença crônica e multifatorial, que vai desde meio ambiente até condição de alimentação, meios de saúde e até genética. Por ser considerada uma doença crônica, infelizmente, se você para de tratar, ela volta. Ela é responsável por mais de 30 patologias, desde a hipertensão, diabetes, colesterol elevado, infarto, acidente vascular cerebral e até câncer”, alertou Dimitri Homar, representante da regional da Abran, em Brasília.

Uma das demandas que o especialista coloca é a volta de medicamentos de baixo custo que auxiliavam no tratamento da obesidade e foram retirados do mercado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Ministério da Saúde explicou que a enquete garante a participação popular desde a primeira etapa do processo de elaboração do protocolo, que ainda deve passar por consulta pública para deliberação final.



A cada 40 segundos, há um suicídio no mundo

No Brasil, há um suicídio a cada 45 minutos.  Os dados mundiais indicam que ocorre uma tentativa a cada três segundos e um suicídio a cada 40 segundos. No total, chega-se a 1 milhão de suicídios no mundo. Provocar o fim da própria vida está entre as principais causas das mortes entre jovens, de 15 a 29 anos, e também de crianças e adolescentes.

No esforço para mudar esses números, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que a data de 10 de Setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.  Há quatro anos a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), promove a campanha nacional Setembro Amarelo.

À Agência Brasil, o presidente eleito da Associação Psiquiátrica da América Latina (Apal) e superintendente técnico da ABP, Antônio Geraldo da Silva, destacou a importância da campanha para prevenção e conscientização.

“Esses números são altíssimos, mas nós sabemos que são falhos. Mesmo assim, são assustadores.”

Crianças e jovens

Pelos dados da OMS, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. É também a sétima causa de morte de crianças entre 10 e 14 anos de idade. O caminho, segundo Silva, é adotar medidas preventivas de ajuda e auxílio.

“É uma maneira de a gente salvar vidas porque 90% dos suicídios poderiam ser evitados se as pessoas tivessem acesso a tratamento e pudessem tratar a doença que leva ao suicídio”, afirmou o presidente da Apal.

Segundo o psiquiatra, em geral, a maior parte das pessoas que tenta colocar fim à vida sofre de algum tipo de transtorno mental.  

“Os estudos mostram que 100% de quem se suicida têm uma doença mental. Os trabalhos mostram isso. Nem 100% de quem pensa em suicídio têm doença mental, mas 100% de quem suicida têm transtorno mental”, afirmou.

Redes sociais

A Associação Psiquiátrica da América Latina (Apal) pretende lançar campanhas nas redes sociais ao longo deste mês para alertar sobre suicídio e oferecer apoio e ajuda. Antônio Geraldo da Silva disse que os especialistas devem abordar o assunto e buscar mais informações com psiquiatras.

A ABP quer levar isso para a população. “A ABP quer popularizar. Nós estamos levando isso para as escolas,  empresas e instituições”, afirmou o médico. “O que entristece os membros da ABP é ver que as pessoas querem abordar o assunto, mas negando a doença mental, que a depressão ou a esquizofrenia existam.”

O médico acrescentou: “Se a gente negar que a doença mental existe, como vai falar de suicídio, sabendo que 100% de quem suicida têm doença mental?”.  “É uma doença como outra qualquer. Não escolhe raça, cor, nada”.

Drogas

O psiquiatra Jorge Jaber, membro fundador e associado da International Society of Addiction Medicine, especialista no tratamento de dependentes químicos, ressaltou que o uso de álcool e drogas é o segundo fator depois das doenças psiquiátricas, como ansiedade e depressão, que leva ao aumento de suicídios.

Segundo ele, o suicídio é a causa de morte mais facilmente evitável entre todas as doenças. “Enquanto doenças infecciosas, cardiovasculares e tumores precisam de grande aporte médico e cirúrgico de alto custo, o impedimento médico do suicídio pode ser atingido com remédios bem mais baratos e somente conversando com o paciente.”

Para Jaber, o fundamental é dar atenção e escutar aquele que pensa em cometer o suicídio. “O fato de alguém que tenta suicídio ser escutado por cerca de 20 minutos pode impedir que ele tenha o impulso de cometer o ato. Ouvir o suicida salva a vida dele”.

Na clínica onde atende dependentes químicos, Jaber informou que pelo menos 20% dos pacientes internados tentaram suicídio. “Quanto mais as pessoas falarem sobre o suicídio, menos suicídios ocorrerão” disse.



Graça Araújo, um legado para o jornalismo pernambucano

JOSÉ MATHEUS SANTOS A direção médica do Hospital Esperança informou o falecimento da jornalista Graça Araújo às 12h55 do último sábado (08), ocasionado por um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico extenso. A pedido da família, não houve pronunciamento da equipe médica que acompanhou a paciente. Graça estava em coma profundo desde quinta-feira (6), quando foi socorrida enquanto malhava na academia em Boa Viagem.


Neste domingo (09), o corpo de Graça foi velado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife. Amigos, telespectadores e ouvintes compareceram em peso à cerimônia de despedida da apresentadora. Em seguida, foi cremado, por volta das 16h30., em cerimônia restrita à família e amigos mais próximos.


Trajetória


Maria Gracilane Araújo da Silva nasceu em Itambé, Zona da Mata de Pernambuco, e tinha 62 anos de idade. De família pobre, tinha 7 irmãos.


Aos 3 anos foi para São Paulo. Trabalhou como embaladora de enxoval de bebê e secretaria de uma revista. Nesse trabalho, se identificou. Se formou em jornalismo na Faculdade Integrada Alcântara Machado, em São Paulo. Após a formatura, veio para o Recife. Trabalhou na Rádio Transamérica e na Rádio Clube no início.


Queria trabalhar na Rádio Jovem Pan, que considerava a segunda melhor do Brasil, só depois da Rádio Jornal. Adorava o Rádio pela prestação de serviço. Iniciou trajetória na televisão passando pela TV Machete, TV Pernambuco e, finalmente, pela TV Jornal. Em 1992, estreou no TV Jornal Meio-Dia, programa em que comandava até esse mês.


Em 2001, foi convidada pelo então diretor Paulo Fernandes Neto para estrear o programa Rádio Livre, na Rádio Jornal, a realização de um sonho. O programa Consultório de Graça, programa de temas de saúde, surgiu de uma vontade que ela tinha de ser médica quando era criança, mas pensou em “curar” e auxiliar mais vidas no programa de rádio, fazendo com que pessoas mais carentes tivessem acesso a orientações. Vários ouvintes relatam mudanças e melhorias na saúde com orientações do programa.


Graça era conhecida por firmeza na opinião e auxílio aos mais pobres, cobrando posições imediatas das autoridades em relação aos problemas. Mulher negra, destacou-se no jornalismo pelo trabalho sério e passou a ser conhecida e respeitada. Participava das grandes coberturas do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (Impeachments, Eleições, Debates eleitorais, Carnaval).


Em 2010, recebeu o título de Cidadã Recifense da Câmara Municipal. No último dia 13 de agosto, recebeu a Medalha do Mérito do Tribunal de Justiça de Pernambuco pelos relevantes serviços prestados ao âmbito jurídico. Hoje à noite, a produção do programa Consultório de Graça vai representá-la na premiação da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia pelo programa sobre Câncer no Cérebro.


Graça deixa grande legado no jornalismo pernambucano.


Melhorar formação e salários de professores será desafio de presidente

AGÊNCIA BRASIL Profissionais essenciais para a educação, os professores não poderão ficar de fora da agenda dos próximos governantes. Juntamente com mudanças no ensino médio e a ampliação de vagas no ensino superior, a valorização dos docentes está entre os maiores desafios do eleito em outubro.

Pelo Plano Nacional de Educação (PNE), lei aprovada em 2014, o país terá que melhorar não apenas os salários, mas também a formação de quem está todos os dias em sala de aula.

Brasília - Professor Rafael Procópio, do canal Matemática Rio, dá aula com dicas de matemática para os candidatos do Enem, a uma semana da primeira prova (José Cruz/Agência Brasil)

Profissionais essenciais para a educação, os professores não poderão ficar de fora da agenda dos próximos governantes - José Cruz/Arquivo Agência Brasil

O Brasil ainda tem muitos docentes que atuam em áreas que não foram formados. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que, na educação infantil, 53,4% dos docentes não têm formação superior adequada. No ensino fundamental, o percentual chega a 49,1% nos anos finais (do 6º ao 9º ano) e a 41% nos anos iniciais (do 1º ao 5º ano). No ensino médio, 39,6% não têm formação adequada.

Pelo PNE, até 2024, todos os professores têm que ter a formação na mesma área em que lecionam.

“A educação tem dois pilares: ensino e aprendizagem. Não se aprende na escola se o ensino for um pilar capenga. É preciso que o ator do ensino, que é o professor, seja bem formado”, defende a coordenadora de Políticas Educacionais da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda.

Valorizar os profissionais e aumentar os salários dos docentes também são desafios. O último relatório de monitoramento do PNE, divulgado pelo Inep mostra que os professores de escolas públicas ganham, em média, 74,8% do que ganham profissionais assalariados de outras áreas, ou seja, cerca de 25% a menos. Até 2020, esse rendimento terá que ser o mesmo das demais categorias.

“A procura por cursos superiores de licenciatura tem diminuído porque não tem valorização desses profissionais. Não tem condições de trabalho. Eles não têm como se focar na formação continuada”, complementa Andressa.

O professor Alfredo Coimbra, da etnia baré, destaca importância da preservação da cultura e mitos indígenas

O país terá que melhorar não apenas os salários, mas também a formação de quem está todos os dias em sala de aula - José Farias/Seduc

Relatório divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que a porcentagem de estudantes que querem ser professores passou de 5,5% em 2006 para 4,2% em 2015. No Brasil, em 2015, a porcentagem dos que esperam ser professores é ainda menor que a média dos países da OCDE, 2,4%.

Para a integrante da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (Anfope), Helena Costa Lopes de Freitas, apesar de o professor ser parte essencial da educação, não se pode atribuir apenas a esses profissionais os fracassos educacionais. Uma série de fatores impacta na qualidade das aulas.

“Tem professor com jornada dupla ou tripla, que tem que sair do ensino fundamental de dia e ir para o EJA [Educação de Jovens e Adultos] à noite. A jornada pode chegar a 60, 70 horas semanais. Não temos a implementação do piso salarial para todos os locais”, diz.

“Isso tudo entrava a motivação dos professores para continuar no trabalho. Fala-se muito em atestado médico, mas os professores estão esgotados, estão doentes, essa é uma realidade”.

Mudanças na formação

Andressa acrescenta que para melhorar a formação dos professores é preciso valorizar também o ensino superior já que é pelas universidades “que passam os nossos profissionais da educação que vão atuar na educação básica”. “Precarizar o ensino superior é precarizar os profissionais que atuam nas escolas”, afirma.

O país está em processo de definição da chamada Base Nacional Comum Curricular, que vai estabelecer o conteúdo mínimo que todos os estudantes do país têm direito a aprender, independentemente de estudarem em escolas públicas ou particulares. A parte do ensino infantil e fundamental foi aprovada no final do ano passado. A parte do ensino médio está em discussão no Conselho Nacional de Educação (CNE).

A Base deverá nortear a formação dos professores – tanto a inicial quanto a continuada, feita depois de formados.

Em 2015, o MEC aprovou uma resolução do CNE para mudar os cursos de licenciatura do país que deverão ser mais longos e ter mais práticas. A resolução deverá ser implementada em todo o país.

Andressa ressalta que a valorização dos professores também passa pela ampliação do financiamento da educação. Os dados mais recentes do Inep mostram que o investimento público em educação caiu de 6% do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas pelo país, em 2014, para 5,5% do PIB, em 2015.

A meta estipulada pelo PNE é o investimento anual de pelo menos 10% do PIB em educação pública a partir de 2024. O plano estabelece ainda a meta intermediária de investimento de 7% do PIB em 2019.

 



Recife tem a 10ª menor malha cicloviária do país

KATARINA MORAES

O estímulo ao transporte não motorizado é um dos traços que caracteriza as melhores cidades do mundo em mobilidade. Em Amsterdam, na Holanda, os veículos dão preferência às bicicletas, meio de locomoção utilizado por mais da metade da população. Além disso, diversos outros meios de transporte coletivos são prioridades na mobilidade urbana, como metrôs, trens, barcos e ônibus.

A quase oito mil quilômetros de distância, está uma cidade prioritariamente pensada para o transporte individual: Recife. A cidade foi eleita em março deste ano, pela segunda vez consecutiva, como a capital com o pior trânsito durante os horários de pico do Brasil pelo Índice 99 de Tempo de Viagem (ITV 99).

Malha cicloviária

Uma das razões desse título nada amigável é a falta de planejamento  das vias para bicicleta. De acordo com a Prefeitura do Recife, atualmente só existem 48,6 km de malha cicloviária na cidade, onde grande parte são apenas faixas pintadas no chão, sem separação física com cones ou cavaletes, assim, são constantemente ocupadas por carros e outros veículos, o que aumenta a sensação de insegurança pelos ciclistas.

O estudante de psicologia, Wesley Andrade, trocou os veículos motorizados pelas bicicletas ao perceber que assim economizava, aproximadamente, uma hora em seu percurso diário. Apesar disso, a maior parte do trajeto não possui uma ciclofaixa, fazendo-o se arriscar entre os carros. “Me sinto completamente desprotegido. Muitas vezes meu espaço é velado porque não há o mínimo de empatia com ciclista.” relata Wesley.

Ciclofaixas móveis

As bikes ainda são pouco utilizadas como meio de transporte para locomoção diária e vistas como uma opção para o passeio e turismo, principalmente aos domingos e feriados quando as Ciclofaixas Móveis atuam ligando todas as zonas da cidade. Apesar do sucesso do projeto, após 5 anos de funcionamento, as Ciclofaixas Móveis não foram suficientes para criar-se uma cultura ciclável.

Bike PE

Já o uso do sistema de compartilhamento das bicicletas públicas, Bike PE, acontece majoritariamente durante a semana. As bicicletas possuem a tecnologia inovadora da canadense PBSC e podem ser alugadas por R$8,00 reais no plano diário. Entretando, o número de estações das laranjinhas é exponencialmente maior na Zona Norte da cidade, o que dificulta o uso do programa pelas classes mais baixas e em bairros periféricos.


Distribuição das estações do Bike PE. (Reprodução)


Nova ciclofaixa

Alvo de muitas críticas, a ciclofaixa na Zona Oeste foi inaugurada no último dia 20 e contempla os bairros do Bongi, Prado e San Martin, interligados à outros doze.

As pessoas que descumprirem a sinalização estão sujeitas a multas de R$ 195,23 mais cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) a R$ 880,41 mais sete pontos na CNH, respectivamente.

Resultado de imagem para ciclofaixa do bongi (Guga Matos / JC Imagem)

Plano Diretor Cicloviário

Em meio a esta realidade vivida diariamente por milhares de cidadãos, a Secretaria de Planejamento Urbano do Recife criou o Plano de Mobilidade do Recife, que tem como principal objetivo reduzir o uso dos automóveis individuais na cidade. O projeto visa incorporar, entre às políticas, o Plano Diretor Cicloviário, formulado pelo governo de Eduardo Campos, que busca “converter a bicicleta em um meio de transporte metropolitano cotidiano".

O Plano de Mobilidade do Recife tem o prazo de até abril de 2019 para ser concluído. A infraestrutura cicloviária é uma das principais metas da proposta que “pode” ser conferida através do site oficial do projeto. As aspas se devem pela falta de atualização da plataforma, onde só os títulos das propostas estão disponíveis, sem maiores explanações. Mais uma vez, falta eficiência e transparência à população.
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Biciflow

Pensando na insegurança e buscando firmar a cultura das bicicletas na cidade, um grupo de estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), desenvolveram o aplicativo Biciflow, que busca promover o encontro de ciclistas que fazem o mesmo caminho, a fim de que percorram juntos, trazendo mais segurança. O software estará disponível para download nos sistemas IOS e Android e  tem lançamento previsto para o dia 22 de setembro.



(Reprodução)




Juliane Duarte, presente!

YURI MENDES


Nesta sexta-feira (24), pouco mais de duas semanas se completam do enterro do corpo da policial militar Juliane Duarte dos Santos (7). A perícia atestou que a PM foi torturada por cerca de cinco dias até ser morta, sendo baleada na cabeça. Em virtude dos que não lembram, ou não saibam do fato, lembramos do ocorrido: na madrugada da quinta-feira (2), a policial desapareceu dentro da favela Paraisópolis, capturada por criminosos em um dia de folga de seu trabalho.


Infelizmente, dentro da nossa realidade, enquanto brasileiro, esse tipo de acontecimento é muito mais recorrente do que desejávamos. Desse modo, o intuito é pensarmos acerca da repercussão deste caso e o que isso fala acerca da nossa sociedade.


A polícia militar é alvo de severas críticas por parte da grande parcela da sociedade. Todas, ou a absurda maioria delas, são cobertas de razão; tratam da truculência, autoritarismo e da evidente falta de preparo por parte dos PM’s, que se reflete de maneira clara em qualquer de suas ações dentro de comunidades de baixa renda e/ou dentro de grandes manifestações populares.


Sem deixar de lado este fato, mas trazendo um contraponto, existe uma questão pela qual passa a sociedade que é tão ou mais preocupante que a relacionada à Polícia Militar: chamo isso de síndrome do monopólio do discurso/virtude.


Esta síndrome é evidenciada pela ruptura ideológica que existe atualmente: os grupos que representam alguma ideologia acreditam (e agem nesse mesmo sentido) que possuem uma espécie de monopólio do discurso, daquilo em que se vê algo bom. Apenas o que é defendido por eles pode ser defendido, apenas o que é atacado por eles negativamente deve ser atacado negativamente; tudo aquilo que não passa pela sua linha de concordância não tem espaço para ser observado positivamente por ninguém. Falo de maneira impessoal por ser uma síndrome geral, encontrada em diversos grupos distintos.


Ao pararmos brevemente para pensar, percebemos o quão prejudicial isso é. O exemplo claro desta situação é a manchete (e matéria) feita pelo Folha de São Paulo acerca do caso de Juliane: “PM Juliane teve últimos momentos livres com bebida, beijos e dança”. O texto, encontrado na íntegra aqui, é construído para implicitamente desmerecer as atitudes da PM, associando a sua imagem a uma espécie de despreparo e detalhando excessivamente aspectos particulares por parte da policial, que nada interessam e importam quanto à passagem da informação.


A matéria informa pouco, traduz de maneira quase imperceptível a dor e revolta que o caso deve gerar; torna a morte e tortura que sofreu Juliane coadjuvante no texto, invisibilizando a situação de fato.


Percebamos, agora, o caso pelo qual passou Marielle Franco. Toda a repercussão que existiu (e ainda existe) nas mídias tradicionais, nas novas mídias, nas redes internacionais. Sua morte gerou uma série de debates absolutamente necessários sobre a atuação da PM nas favelas, trouxe à tona seus trabalhos intelectuais, motivou uma investigação que foi/é cobrada e acompanhada de perto, além de uma comoção nacional, incentivada, também, pela atuação das mídias no trato do assunto. E reforço que tudo esta cobertura acerca do seu caso é absolutamente necessária e válida.


Duas mulheres. Duas negras. Dois casos de assassinato a sangue frio dentro de uma favela. Dois tratos e coberturas absurdamente diferentes. Dois status diferentes. Aparentemente Juliane não se enquadrou no perfil que pode ser defendido. Restou a ela matérias frias, de pequeno alcance, além de manchetes que ironizam o inferno que deve ter passado nos seus últimos momentos.


Essa ausência de uma cobertura enfática, séria e comprometida, como aconteceu com o caso de Marielle, só nos demonstra a seletividade que esta tal síndrome, de que falei, traz. Na verdade, pior que a ausência é a insensibilidade em desviar o foco principal do caso, tentando atribuir a vítima as justificativas de seu assassinato. A violência, a criminalidade matou Juliane. Mais uma morte, mais uma mulher morta. Não é necessário maiores motivos, tratamos de uma vida.


Juliane teve seus últimos momentos, falo com certeza, entre dor, desespero e absoluto medo. Sua memória pós-morte, porém, foi denegrida, regada à ironia e invisibilidade.


Tal como Marielle, a policial hoje integra as estatísticas de homicídios.


Juliane Duarte, presente!



Orquestra Criança Cidadã: uma nova oportunidade para jovens da comunidade do Coque

A Orquestra Criança Cidadã, gerida pela Associação Beneficente Criança Cidadã (ABCC) com o apoio do Grupo Dislub Energia, acontecerá nesta quinta-feira (23/08), às 15h, no Quartel do Cabanga. Na ocasião também será mostrado um filme especial contando como a orquestra transforma a vida das crianças e jovens assistidos pelo projeto.


Criada em 2006 no Coque, um dos bairros mais violentos e de menor Índice de Humano do Recife, a Orquestra Criança Cidadã foi idealizada pelo juiz de Direito João José Rocha Targino com o objetivo de resgatar socialmente jovens carentes através da música.


Desde então, cerca de 2,5 mil jovens já foram assistidos pelo projeto social. Uma delas é a adolescente Júlia Paulino da Conceição, moradora da comunidade do Coque e que teve sua vida mudada pelo trabalho. “Eu já até viajei pra Roma, na Itália, com Orquestra. Nunca imaginei que isso seria possível”, conta a menina. “Me imagino dando aula para jovens e ensinando tudo o que aprendi”, planeja sobre o futuro.


Atualmente, a Orquestra atende gratuitamente a 360 jovens (230 no Coque, 100 no Ipojuca e 30 em Igarassu), entre 06 e 21 anos, que recebem aulas de instrumentos de corda, percussão, teoria e percepção musical e canto coral, além de instrumentos de sopro–flauta doce e transversa, oboé, clarinete, trompa e fagote. O programa conta ainda com apoio pedagógico, atendimento psicológico, médico e odontológico, aulas de inclusão digital, fornecimento de três refeições por dia e fardamento.


O método utilizado para o ensino é o Suzuki, criado pelo professor japonês Shinichi Suzuki, que prevê o aprendizado de forma lúdica– a criança aprende brincando. A Orquestra também garante a profissionalização dos alunos através da Escola de Formação de Luthier e Archetier, onde os alunos aprendem a arte da construção e reparo dos instrumentos de corda.

 

Os alunos permanecem no projeto por um período de cinco horas, a partir das 07h30 até as 18h30. Entre as atividades extracurriculares oferecidas, estão, além de cursos em parceria com universidades, intercâmbios para a Europa, direcionados aos alunos de destaque. A Orquestra já enviou alunos para estudar música na Polônia, Áustria, República Tcheca, Alemanha e México.

 

A Orquestra Criança Cidadã vem, a cada ano, se projetando mais como um programa social exemplar. Em seus onze anos de existência, recebeu mais de 20 prêmios, incluindo o Prêmio Caixa de Melhores Práticas em Gestão Local, de âmbito nacional. Na esfera internacional, a Orquestra foi escolhida pela Organização das Nações Unidas como uma boa prática de inclusão social, em dezembro de 2010.


Colabore


A Orquestra Criança Cidadã não tem fins lucrativos e depende de doações para a manutenção das suas atividades. Além da assistência recebida de mantenedores, a entidade conta a possibilidade de doações de pessoa física e jurídica pelo site www.orquestracriancacidada.org.br. Através dele é possível contribuir com R$10, R$40, R$100 ou qualquer outro valor. As pessoas também podem optar por deduzir o gesto solidário no Imposto de Renda.

A fim de potencializar a solidariedade entre seus clientes, o Grupo Dislub Energia criou a campanha “Abasteça Cultura” que destina parte da renda da venda de combustíveis nos postos da bandeira para o projeto. 


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