Entre os 27 estados brasileiros, apenas três nunca tiveram mulheres no comando de suas capitais, como prefeitas, senadoras ou governadoras. São eles Amapá, Piauí e Pernambuco. Nas eleições deste ano, a Paraíba quebrou o tabu e elegeu Daniela Ribeiro (PP) como senadora. O estado pernambucano já teve mulheres com boa representatividade e envergadura política na Câmara Federal, foram quatro: Cristina Tavares (PSDB), Ana Arraes (PSB), Luciana Santos (PCdoB) e Creusa Pereira (PSB). Marília Arraes (PT) amplia para cinco a participação feminina pernambucana no Parlamento a partir de 2019. Marília, inclusive, poderia ter sido a primeira governadora de Pernambuco, mas foi rifada da disputa estadual às vésperas da eleição em um acordão patife para minar a candidatura nacional de Ciro Gomes para a Presidência.
Bem aqui ao lado, um estado é exemplo para os demais. O Rio Grande do Norte elegeu 3 governadoras desde a redemocratização (Wilma de Faria/PSB, Rosalba Ciarlini/DEM e, agora, Fátima Bezerra/PT. O estado é o que mais teve mulheres no comando do Executivo. Em relação às senadoras, foram 4: Rosalba Ciarlini, Ivonete Dantas, Fátima Bezerra e, neste ano, Zenaide Maia. Para a cientista política Priscila Lapa, “o eleitorado pernambucano é muito contraditório, tem o viés de se dizer libertário e democrático, dando o tom da eleição do Nordeste, mas temos uma dificuldade na participação feminina, principalmente com as famílias tradicionais ocupando os espaços de poder, transferindo de pai para filho, formando oligarquias, e é algo que impede o movimento expressivo”. Logo, pode-se considerar o estado potiguar uma resistência nesse sentido, diante do quadro nacional, até porque o Nordeste ainda é muito machista e os homens dominam, predominantemente, os espaços de poder. Em Pernambuco, a prefeita mais importante do ponto de vista dos municípios é a de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), embora seja filha do seu padrinho político e pai, o ex-governador e ex-prefeito da capital do Agreste João Lyra Neto, também tucano.
Priscila Lapa também destaca que, “uma vez a mulher assumindo e fazendo uma boa gestão, os eleitores podem ser impactados de que ela tem a mesma competência de um homem governando”, porém essa bolha precisa ser quebrada. Hoje, no Brasil, as regras do jogo eleitoral são desiguais, não há estímulo dos partidos no diálogo das mulheres com a sociedade, a maioria das lideranças dos partidos nos Parlamentos são homens, que querem assumir o protagonismo a qualquer custo, deixando as mulheres restritas apenas a debates de certos temas, como aborto, gravidez, hospitais maternos, até porque ninguém melhor que as mulheres para debaterem sobre tal. Porém, elas precisam de mais espaços. Parafraseando a frase acima da cientista política, pode-se dizer que, se a bolha estourar, as mulheres mostrarão ainda mais sua força política a cada dia.
JOSÉ MATHEUS SANTOS
O jornalista Ancelmo Gois informa em sua coluna, na edição desta quarta-feira (31), no O Globo, que o juiz Sérgio Moro irá ao Rio de Janeiro para se encontrar com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) nesta quinta-feira (1º). Na pauta, certamente haverá a discussão sobre a participação de Moro no Ministério da Justiça do governo a partir de janeiro. Essa situação pode questionar a já conturbada atuação do magistrado à frente da Operação Lava-Jato.
É fato que o combate à corrupção é importante para o país, até porque antes da Lava-Jato os políticos corruptos tramavam com a certeza de que um dia não seriam punidos. Hoje, eles já têm mais cautela diante dos feitos da Lava-Jato e da coragem inicial do Ministério Público e do juiz Moro, que iniciaram as investigações e levaram o trabalho para a frente. Muitos membros do Judiciário certamente poderiam temer até pelas suas próprias vidas se estivessem no lugar deles. Cabe a nós, nesse sentido, sermos realistas diante do cenário.
O juiz Moro, logo, é um marco na Lava-Jato. Porém, caso aceite ser ministro da Justiça, dará um presente de mão beijada para os petistas, que questionam a sua imparcialidade nos julgamentos do ex-presidente Lula. Moro também cometeu excessos que permitiram questionamentos. Revelou ligações, em 2016, da então presidente Dilma com o ex-presidente Lula sem que um juiz de primeira instância pudesse divulgar as ligações, é tanto que o ex-ministro do STF, já falecido, Teori Zavascki repudiou o ato de Moro e anulou os grampos dos processos, considerando-os “ilegais”. Moro apenas pediu desculpas, depois do estrago feito. O fato foi às vésperas do impeachment de Dilma e alavancou ainda mais o discurso da oposição, que minava o fraco governo vigente no período e questionava conteúdos terríveis tratados entre Dilma e Lula, mas Moro errou ao divulgar, pois não lhe competia.
No final de julho, o Brasil, atônito, testemunhou um dos episódios mais bizarros do Judiciário. O desembargador do TRF-4 Rogério Favreto emitiu uma decisão para soltar Lula, alegando um fato novo, que Lula seria candidato à Presidência. Bizarro. Se fosse desse jeito, o traficante Fernandinho Beira-Mar poderia também alegar uma candidatura e seria solto depois de diversos crimes cometidos. Porém, não cabia ao juiz Sérgio Moro, que estava de férias, interferir na bisonha decisão de soltura e atuar, via telefone, conversando com o delegado-chefe da Superintendência da Polícia Federal no Paraná. O certo era um magistrado de grau superior barra a decisão, como aconteceu, porém depois de Moro peitar por duas vezes, incorretamente, um superior seu, como se ele fosse o único juiz do Brasil. Essas atitudes reprováveis do juiz Moro já são motes de discursos contra ele, imagine se ele deixar seu posto atual para subir à Esplanada dos Ministérios em Brasília. Além de que ministro da Justiça é subordinado ao presidente, a independência não é garantida.
Caso Moro aceite o convite de Bolsonaro para comandar a pasta da Justiça, ficará muito difícil que o discurso de "parcialidade" em seus julgamentos não cole. Réus e condenados ligados ao PT poderiam sim questionar em cortes superiores o juiz Moro. O juiz Moro vai interrogar o ex-presidente Lula no dia 14, daqui a duas semanas, e está prestes a fazer um julgamento sobre o caso do sítio em Atibaia. Só o fato de Moro ficar se encontrando com o presidente Bolsonaro já deixa sua atuação abalada aos horizontes racionais. Se ele não der uma resposta definitiva ao presidente eleito e interrogar e julgar o ex-presidente Lula, faltará o mínimo de decência a Moro. O certo era, se ele continuar balançando sobre o convite, não interrogar o petista e deixar para outro juiz fazer isso.
O problema do Brasil hoje é que há torcidas políticas, e não análises racionais. Parte dos apaixonados políticos ou por membros do Judiciário analisa de acordo com a conveniência, e não com a racionalidade e espírito de cidadania, que deveriam ser soberanos na democracia. Durante a leitura desse texto, você, caro leitor, pode ter se irritado porque critiquei Moro ou Lula e o PT, mas seja sensato. Ambos deveriam fazer uma autocrítica, ainda que, para você, eles ou um deles possa ter ajudado o país.
Critique-se quando necessário para não se omitir posteriormente.
Nos últimos três anos, candidatos com pensamento à direita têm obtido crescimento eleitoral em diversos países como o Brasil, que elegeu Jair Bolsonaro neste domingo (28). A partir de janeiro, um novo modo de pensamento de ideias será implantado do país, assim como ocorreu em outras nações. Cientistas políticos afirmam que o principal fator para a versatilidade na postura da sociedade no momento é o surgimento de valores específicos de acordo com a particularidade de cada continente.
Na América Latina, após o boom de governos de esquerda na década passada, o momento já se encaminha para uma onda ligada ao conservadorismo. Além do Brasil, com o presidente eleito Jair Bolsonaro, outros países já contam com governos ligados ao pensamento direitista. Para a cientista política Priscila Lapa, o fator principal na região é o desencadeamento de crises econômicas, sobretudo, além de fatores internos dos países, ou seja, sem terem relação com os outros. “Na América Latina, o que impulsiona essas novas ondas é a proliferação de crises econômicas e políticas. A região tem tido um momento de forte instabilidade com a ascensão do conservadorismo. Além disso, existem a peculiaridades dos países. A Argentina passa por fragilidades na economia, o Paraguai e o Peru também e o Brasil tem momento de descrença na política, crise e alta da violência”, disse Priscila.
A Argentina passou por eleições presidenciais em 2015, quando o atual presidente Maurício Macri, de centro-direita, foi eleito em um pleito acirrado, sendo a primeira vez em que um líder de tal espectro político chegou ao poder em eleições livres sem o apoio de uma ditadura ou com fraudes. A vitória de Macri pôs fim a 12 anos de governo de esquerda, com Nestor, já falecido, e Cristina Kirchner. No Chile, o conservador Sebatián Piñera, que já tinha sido presidente de 2010 a 2014, voltou ao cargo para suceder Michele Bachelet, de centro-esquerda, em dupla alternância política nos últimos 12 anos no país.
Os Estados Unidos são outro exemplo para o movimento multinacional à direita. Em 2016, Donald Trump desbancou o favoritismo de Hillary Clinton, apoiada pelo então Barack Obama, e venceu as eleições. O republicano perdeu no voto popular, porém o sistema de votação estadunidense exige a votação de delegados dos estados e, na proporcionalidade realizada, o atual presidente desbancou Hillary. Trump foi eleito com um discurso de que, eleito, implantaria rigidez na imigração em massa, criticou a política externa dos Estados Unidos e a relação com aliados. “O que atinge os Estados Unidos também atinge a Europa. Trump falava na campanha sobre a implantação de um muro com o México e a defesa dos valores do país, incentivando o nacionalismo e a defesa dos interesses americanos. Por isso, ele é uma referência. Além disso, o fator das redes sociais também foi influente na campanha”, destaca Priscila Lapa. Até hoje, ainda perduram suspeitas de interferência da Rússia nas eleições dos EUA em favor de Donaldo Trump com ação de robôs na implantação de notícias falsas contra a candidata do partido Democrata, Hillary Clinton.
APESAR DA RESISTÊNCIA, EUROPA TAMBÉM NÃO ESCAPA
Atingida pela crise imigratória e pelo colapso financeiro de cinco países, a Europa passa por momentos de disparidades políticas, algo que evidencia uma fragmentação ideológica. Portugal, Itália, Espanha, Grécia e Irlanda foram os países mais atingidos pela crise de se iniciou no começo da década e a taxa de desemprego cresceu nos cinco países e fez aumentar o déficit nas contas públicas. Com o atual momento de crise imigratória, por conta das guerras civis na África, a opção imediata dos refugiados, por conta da aproximação geográfica, foi se deslocar para o território europeu. Essa sucessão de fatores fez com que fosse estimulado por membros da extrema-direita o discurso de que é preciso aumentar a rigidez na entrada de pessoas na Europa porque parte da população estaria sendo atingida, por exemplo, pela ocupação de vagas de emprego por parte dos estrangeiros.
“Esses processos de onda de valores políticos são movimentos da conjuntura de surgimento de valores. Na Europa, tem-se a questão humanitária das imigrações, relações de fronteiras com o Oriente Médio e a África e isso tem provocado uma defesa do próprio território por parte do povo europeu no sentido de fechar fronteiras e há muito medo de descaracterizar as economias dos estados europeus”, pontua a cientista Priscila Lapa. Nesse sentido também, segundo ela, políticos que pregam o discurso similar ao que está em voga no sentimento popular terminam se beneficiando.
Dinamarca, Noruega e Finlândia são países que são comandados pela centro-direita, inclusive possuindo economias estáveis, apesar da crise que atingiu boa parte da Europa na década. Mesmo com o avanço perceptível no planeta, há pontos de resistência no continente europeu. Na França, nas eleições para presidente, Emanuel Macron, com perfil de centro, venceu com 65% dos votos na disputa de 2º turno contra a líder da extrema-direita Marine Le Pen. Só o fato de os franceses terem uma conservadora no segundo turno do pleito foi considerado um avanço do viés ideológico de direita no país. O partido de Le Pen também conquistou mais assentos no Parlamento em relação às eleições passadas. Já na campanha do 2º turno no Brasil, Le Pen criticou Jair Bolsonaro por suas posturas em relação às falas do presidente eleito sobre mulheres e homossexuais: “Ele tem dito coisas que são extremamente desagradáveis, que não podem ser transferidas para nosso país, é uma cultura diferente”.
Na Alemanha, o partido de direita, adversário da primeira-ministra Angela Merkel, obteve 92 cadeiras no Parlamento, ou seja, 12,6% do total, a maior representatividade no período após a 2ª Guerra mundial. A ascensão pressiona Merkel a fazer um governo de diálogo, diante do iminente risco de polarização política entre pensamentos opostos ainda durante o governo, que pode culminar em uma reviravolta popular no próximo pleito. Para Priscila Lapa, as pessoas avaliam, sobretudo, o instante em que as eleições são realizadas. “O momento da crise é o que as pessoas levam em conta principalmente e basta observar aqueles que defender uma posição em prol da defesa do país soberano, algo que tem prevalecido na Europa, por conta dos fatores externos que abalam a política”, conclui a cientista política. Mais detalhes a seguir:
ARGENTINA
Nas eleições de 2015, os argentinos elegeram Maurício Macri, de centro-direita, para a presidência, quebrando a hegemonia de 12 anos dos governos Nestor e Cristina Kirchner, ambos de esquerda. Macri prometeu ajuste fiscal e reformas econômicas no país. Hoje, a Argentina passa por desvalorização da moeda, desemprego e avanço da inflação.
PARAGUAI
O Paraguai é o país da América do Sul que passou por eleição mais recentemente, antes do Brasil. Em abril, o conservador Mario Abdo Benítez foi eleito para o cargo em disputa acirrada com o liberal Efrain Alegre, que era coligado a partidos de esquerda. Desigualdade, pobreza e corrupção ainda são desafios para o presidente. O último momento em que a esquerda esteve no poder foi com Fernando Lugo, que não concluiu o mandato, de 2008 a 2012.
PERU
Com políticos atingidos por escândalos de corrupção, inclusive com pagamentos de propina por parte da Odebrecht no país no mesmo tempo em que o Petrolão ocorria no Brasil, o Peru está instável politicamente. Nas eleições de 2016, dois candidatos de direita foram para o 2º turno: a derrotada Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, com governo marcado pelo autoritarismo, e o atual presidente, o economista Pedro Pablo Kuczynski.
CHILE
O Chile tem um fenômeno pouco visto em outros países. De 2006 a 2022, o país terá revezado o poder em alternância da esquerdista Michele Bachelet e o conservador Sebatián Piñera. Ele é o atual presidente, foi eleito em 2010 e novamente assumiu o cargo neste ano de 2018. O país tem como trunfo os bons índices educacionais, com 97,5% da população alfabetizada, índice que não mudou mesmo com a mudança de ideologias no poder. Nos últimos 30 anos, o PIB do país aumentou cinco vezes.
FINLÂNDIA
A Finlândia é uma república parlamentarista. O país tem um dos maiores indicadores socioeconômicos e não passa por instabilidades políticas. Neste ano, o presidente Sauli Niinisto, de direita, foi eleito com mais de 64% dos votos. O modelo liberal econômico está em implantação no país e, para a maioria da população, é visto como bom. A Finlândia é um dos países menos afetados pela crise migratória no continente europeu por conta, inclusive, de sua localização geográfica, no extremo-norte da Europa.
NORUEGA
Considerado o país mais feliz do mundo, e com o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), 0,953, o país passou por eleições em 2017. O país é parlamentarista e a primeira-ministra é Erna Solberg, de direita. As últimas eleições foram acirradas e o partido de esquerda do país conquistou quase metade dos assentos. Mesmo assim, com a maioria conservadora, Solberg foi mantida no cargo.
ESTADOS UNIDOS
Com um discurso anti-imigração e em defesa do patriotismo estadunidense, Donald Trump começou a disputa em 2016 como um aventureiro. Cresceu nas pesquisas, mas, mesmo assim não era considerado um risco. À medida em que o pleito passava, o então candidato demonstrava força nas ruas do país não apenas com militantes do Partido Democratas. Na votação popular, Trump foi derrotado por Hillary Clinton, apoiada pelo ex-presidente Barack Obama, mas venceu na disputa dos delegados e a proporcionalidade dos principais estados pesou.
HUNGRIA
O primeiro-ministro Viktor Orbán, de extrema-direita, foi eleito com 49% votos nas eleições de abril deste ano. Ele se apresentou, durante a campanha eleitoral, como o grande defensor e o salvador dos valores cristãos tradicionais. O político também defende o forte patriotismo, criticando inclusive divisões na União Europeia. No país, minorias são oprimidas e outros países não aceitam a postura húngara, reivindicando inclusive o direito de voto em alguns temas do conglomerado.
As eleições deste domingo (28) definiram os governadores de 13 estados e no Distrito Federal, que deixaram a decisão para o segundo turno. No primeiro turno, foram decididos os governadores dos outros 13 estados.
No Rio Grande do Norte, foi eleita a única governadora mulher: Fátima Bezerra (PT). O governador mais novo é o do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).
Veja quem foram os governadores eleitos no segundo turno:
Amapá: Waldez Góes (PDT)
Amazonas: Wilson Lima (PSC)
Distrito Federal: Ibaneis Rocha (MDB)
Mato Grosso do Sul: Reinaldo Azambuja (PSDB)
Minas Gerais: Romeu Zema (Novo)
Pará: Helder Barbalho (MDB)
Rio de Janeiro: Wilson Witzel (PSC)
Rio Grande do Norte: Fátima Bezerra (PT)
Rio Grande do Sul: Eduardo Leite (PSDB)
Rondônia: Coronel Marcos Rocha (PSL)
Roraima: Antônio Denarium (PSL)
Santa Catarina: Comandante Moisés (PSL)
São Paulo: João Doria (PSDB)
Sergipe: Belivaldo Chagas (PSD)
Com 55,13% dos votos válidos, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) ganhou em 15 estados e no Distrito Federal. O oponente, o candidato do PT, Fernando Haddad, liderou em 11 estados.
Por ordem alfabética, Bolsonaro venceu no Acre, no Amapá, no Amazonas, no Distrito Federal, no Espírito Santo, em Goiás, no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul, em Minas Gerais, no Paraná, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, em Rondônia, em Roraima, em Santa Catarina e em São Paulo.
As unidades da Federação onde Bolsonaro obteve os melhores resultados foram Acre (77,22%), Santa Catarina (75,92%), Rondônia (72,18%), Roraima (71,55%) e Distrito Federal (69,99%).
Haddad venceu em Alagoas, na Bahia, no Ceará, no Maranhão, na Paraíba, em Pernambuco, no Piauí, no Rio Grande do Norte, no Sergipe, no Pará e no Tocantins. As maiores vantagens foram registradas no Piauí (77,05%), no Maranhão (73,26%), na Bahia (72,69%) e no Sergipe (67,54%).
Bolsonaro venceu em quatro das cinco regiões: Norte (51,9%), Centro-Oeste (66,55%), Sul (68,27%) e Sudeste (65,37%). Haddad venceu somente no Nordeste, com 69,69% dos votos válidos. No exterior, Bolsonaro obteve 70,98%, contra 29,02% de Haddad. Confira os números em Pernambuco: Fernando Haddad PT 66,5% - 3.297.944 votos Jair Bolsonaro PSL 33,5% - 1.661.163 votos Abstenções: 1.191.872 (18,14%) Brancos: 76.515 (1,42%) Nulos: 341.822 (6,36%)
Com 100% da apuração das urnas, Jair Bolsonaro (PSL) obteve 55,13% dos votos válidos, conquistando 57.796.986 votos. Fernando Haddad (PT) teve 44,87% dos votos, o equivalente a 47.038.963 votos.
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, anunciou, por volta das 20h10, que Jair Bolsonaro estava matematicamente eleito novo presidente do Brasil. Segundo a ministra, o resultado da eleição foi definido às 19h18, com 94,44% das urnas apuradas.
A diferença entre os dois candidatos foi superior a 10,7 milhões de votos.
As abstenções somaram 21,3% (31,3 milhões de votos). Votos brancos foram 2,14% (2,4 milhões de votos) e nulos, 7,43% (8,6 milhões de votos).
Com esses resultado, Bolsonaro teve a terceira menor vitória no segundo turno desde a redemocratização. Ele venceu com vantagens maiores apenas que a de Fernando Collor de Mello, em 1989 (53,03%), e da reeleição de Dilma Rousseff, em 2014 (51,64%).
Em relação ao primeiro turno, o opositor Fernando Haddad (PT) cresceu mais que Bolsonaro. O petista ganhou 15.696.741 de votos do primeiro para o segundo turno, passando de 29,28% para 44,86%. Bolsonaro conquistou 8.519.962 de votos adicionais, saindo de 46,03% para 55,13%.
O índice de Haddad, entretanto, foi menor do que o de Dilma (55% em 2010 e 51% em 2014) e Lula (61% nas duas eleições de 2002 e 2005), que venceram as eleições em segundo turno. O PT perdeu cerca de 7 milhões de votos em relação à disputa do último segundo turno presidencial, em 2014.
MANOEL NETO Uma tensa campanha eleitoral, finalmente, chegou ao fim. Jair Bolsonaro, candidato do PSL, foi eleito Presidente e será o responsável por administrar o Brasil pelos próximos 4 anos e ensaiou um discurso, em sua casa, na Barra da Tijuca, após a confirmação de sua eleição pelo TSE
A tônica do pronunciamento de Bolsonaro foi semelhante a sua postura ao longo da campanha. Embalado por um forte ideal anti-esquerda, o deputado pautou sua fala justamente creditando a vitória àquilo que seria uma missão divina: tirar o país das garras do “socialismo” e recolocar o país numa rota de crescimento e prosperidade. Ressaltou a importância de defender os valores da família e também, como não poderia faltar, bradou em defesa da família tradicional e das crianças
Ponto problemático do discurso é justamente a sua forte bandeira pela defesa da corrupção. É curioso que Bolsonaro defenda que sua “missão divina” só chegou agora quando passou uma década integrando o PP, partido do centrão e que foi base de sustentação dos governos de Lula e Dilma Rousseff. Onde estava Bolsonaro, então, quando os partidos aparelhavam as estatais brasileiras? Pouco se viu dele nesse sentido. O parlamentar ganhou relevo em virtude de uma polêmica com a sua colega parlamentar Maria do Rosário (PT), quando disse que ela “nem merecia ser estuprada” em 2003. Sua atuação, do começo da década pra cá, em matéria de corrupção, não é de grande destaque.
Ponto positivo, sem dúvida, foi a defesa que ele faz dos princípios constitucionais. Destaca que governará para todos, respeitando as prerrogativas previstas pela Carta Magna e garantindo o efetivo funcionamento das instituições. A declaração, com objetivo apaziguador, procura acenar sobretudo para o Poder Judiciário, que aumentou o tom das críticas depois do jocoso vídeo em que o filho do deputado, deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) faz piadas sobre o fechamento do STF em palestra dada no mês de junho.
Só o tempo dirá os caminhos que o governo Bolsonaro seguirá. É preciso que ele tenha, agora como presidente eleito, equilíbrio para seguir o que pregou no seu discurso e tente buscar dias melhores para o Brasil.
LUCAS ROCHA
É notório que pela escolha do governador Paulo Câmara (PSB) em declarar apoio ao projeto petista foi benéfico para pavimentar a sua reeleição, com a articulação para a retirada da candidatura da petista Marília Arraes (PT), que assombrava o Palácio do Campo das Princesas. Entretanto, o preço a ser pago por esse apoio pode colocar Pernambuco numa posição desconfortável perante o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Qual o saldo que fica para o estado com tudo isso?
Paulo Câmara afirmou várias vezes durante sua campanha, nesse pleito, que conseguiu manter o Estado no caminho do desenvolvimento, mesmo sem contar efetivamente com o apoio do governo federal. O governador acusava o Governo Federal de “perseguição”, com a falta de repasses de verbas ao estado. Durante entrevista à Rádio Jornal em setembro, o presidente Michel Temer (PMDB) chegou a desmenti-lo, afirmando que Câmara chegou até a ajudá-lo durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), algo que é fato.
Acontece que, além do apoio a Fernando Haddad (PT) durante o pleito 2018, o governador ainda tem em seu desfavor a provável aproximação de Bolsonaro com alguns nomes da política pernambucana, que fizeram oposição a Paulo, e declararam apoio ao então candidato do PSL; Mendonça Filho (DEM) foi um destes e chega a ser cotado para ocupar vaga na Esplanada dos Ministérios a partir de janeiro.
Das duas, uma! Ou o presidente releva o apoio contrário do governador e atua de maneira efetiva no Estado, como deve ser, valorizando o princípio da federalização, ou deixa o socialista governar sozinho, pavimentando quem sabe, a eleição de um aliado na disputa pelo governo estadual em 2022.
Em última pesquisa do Instituto Ibope de intenção de voto para presidente, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) aparece com 54% dos votos válidos (excluindo brancos, nulos e as pessoas que se manifestaram indecisas), contra 46% de Fernando Haddad (PT). A diferença entre eles caiu 8 pontos percentuais. No levantamento anterior, realizado no dia 23 de outubro, Bolsonaro havia registrado 57% e Haddad, 43% dos votos válidos. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Quando incluídos brancos, nulos e indecisos, Bolsonaro tem 47% e Haddad, 41%. Brancos e nulos somam 10%, e os que não souberam ficam em 2%. Na pesquisa anterior, Bolsonaro tinha 50% e Haddad, 37%. Brancos e nulos somaram 10% e os que não souberam, 3%.
Na avaliação sobre a certeza da preferência pelos candidatos, os que com certeza votariam em Bolsonaro somam 39%. Os entrevistados que poderiam votar chegam a 10%. E os que não votariam de jeito nenhum somam 39%. As pessoas ouvidas que disseram não conhecer o presidenciável do PSL somam 11%, e os que não souberam ou não quiseram opinar ficam em 1%.
No caso de Haddad, os que manifestaram desejo de votar são 33%. Os que poderiam votar permaneceram em 12%. As pessoas que não votariam de jeito nenhum subiram de 41% para 44%. E os que preferiram não opinar ficaram em 2%. Os que não conhecem o candidato somam 10%.
A pesquisa entrevistou 3.010 pessoas nos dias 26 e 27 de outubro. O levantamento foi encomendado pela Rede Globo e pelo jornal O Estado de S. Paulo. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral com o número BR-02934/2018.
O Instituto Datafolha divulgou na noite deste sábado (27) a última pesquisa de intenção de voto para presidente da República antes do segundo turno, que ocorre neste domingo (28). O candidato Jair Bolsonaro (PSL) tem 55% dos votos válidos e Fernando Haddad, 45%. No levantamento anterior, divulgado na quinta (25), o ex-capitão havia marcado 56% das intenções, contra 44% do ex-prefeito de São Paulo. A diferença caiu de 12 para dez pontos percentuais.
Na contagem das intenções de votos totais (incluindo brancos, nulos e indecisos), Bolsonaro marcou 47% e Haddad, 39%. Brancos e nulos somaram 8% e indecisos, 5%. No levantamento divulgado na quinta, a medição das intenções de votos totais registrou 48% para o candidato do PSL, 38% para o concorrente do PT, 8% brancos ou nulos e 6% indecisos.
Entre os que manifestaram desejo de anular ou votar em branco, 23% admitiram que ainda podem voltar atrás nessa decisão. Mantido este percentual, matematicamente a transferência de votos não seria suficiente para uma virada de Haddad, segundo o instituto.
Na análise da rejeição, 45% disseram que não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum (contra 44% na edição anterior), 46% relataram apoio certo ao candidato e 8% cogitaram apoiar o presidenciável.
Já no caso de Haddad, 52% não votarão no petista de maneira alguma (mesmo índice do levantamento anterior), 38% disseram já estar convictos da decisão em favor do candidato e 9% admitiram que podem chegar a aderir ao ex-prefeito de São Paulo.
Em relação à certeza do voto, 94% dos que manifestaram intenção de voto no candidato do PSL garantiram que estão decididos, enquanto 6% ainda podem mudar de opinião. No caso do presidenciável do PT, a certeza foi declarada por 93%, contra 7% que aventaram a possibilidade de rever sua posição.
A pesquisa entrevistou 18.371 pessoas em 340 cidades ontem (26) e hoje (27). A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi encomendado pelo jornal Folha de S. Paulo e pela Rede Globo. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral com o número BR-02460/2018.